REFLEXÕES
Gilka Machado
Amei o Amor, ansiei o Amor, sonhei-o
Uma vez, outra vez (sonhos insanos!)...
E desespero haja maior não creio
Que o da esperança dos primeiros anos.
Guardo nas mãos, nos lábios, guardo em meio
Do meu silêncio, aquém de olhos profanos,
Carícias virgens, para quem não veio
E não virá saber dos meus arcanos.
Desilusão tristíssima, de cada
Momento, infausta e imerecida sorte
De ansiar o Amor e nunca ser amada!
Meu beijo intenso e meu abraço forte
Com que pesar penetrareis o Nada,
Levando tanta vida para a Morte!...
poemas venusianos [29.11.10]
escolha do poema: jean-pierre barakat
Autor: Gilka Machado, poeta brasileira (1893-1980)
Fonte: "Poemas de Amor", seleção de Walmir Ayala, Ediouro S.A., 1991
edição e arte digital : sonia regina [soreg]
imagem: MAXU
